A mesa
O jornal dobrado
sobre a mesa simples;
a toalha limpa,
a louça branca
e fresca como o pão.
A laranja verde:
tua paisagem sempre,
teu ar livre, sol
tuas praias; clara
e fresca como o pão.
A faca que aparaou
teu lápis gasto;
teu primeiro livro
cuja capa é branca
e fresca como pão.
E o verso nascido
de tua mão viva,
de teu sonho extinto,
ainda leve, quente
e fresco como pão.
Observamos, no poema "A mesa", um jogo riquíssimo de imagens que vai se desdobrando gradativamente, por meio de comparações que vão sendo feitas com o substantivo "pão". A mesa, a louça, a capa do livro e, por fim, o verso, todos esses elementos são comparados as frescor do pão. Observamos, também, que estes elementos divergem e convergem entre eles. Temos a fragilidade da louça que se opõe à resistência da mesa, mas ao mesmo tempo, tanto a louça quanto a mesa possuem uma claridade em comum, evidenciada pela toalha limpa, a qual está sobre a mesa, e pela cor branca que está sobre a louça e, simultaneamente adquirem a característica do pão "fresca como o pão".
Nota-se a oposição entre a imagem da "mesa" e a imagem do "verso", sendo que a primeira é inanimada, ou seja, faz parte de uma natureza morta. Já a segunda é viva e leve. Mas é sobre a mesa que se escreve o poema e coloca-se o pão. O pão que em seu sentido denotativo alimenta o físico humano, e o "pão-verso" , "pão-poema", sentido conotativo, alimenta o intelecto.
Percebe-se que, no poema, aos poucos o poeta vai tecendo imagens de uma manhã viva, a qual pode ser associada à vivacidade do verso. Em um primeiro momento, temos uma imagem, aparentemente, comum. O jornal dobrado, o pão fresco, a louça: todas essas imagens sugerem a mesa posta para o café da manhã.
Mas, na quinta estrofe há uma ruptura, que pode ser percebida por meio do seguinte verso "A faca que aparou teu lápis". Aqui temos uma quebra, não só de imagens, mas, também de sentido, pois, a partir desse verso, podemos construir uma outra leitura, que não mais estará ligada à imagens do cotidiano, mas sim ao aprender, ao ato de escrever. O vocábulo "faca" tanto nos remete a ideia da língua quanto a ideia da linguagem. Temos também o "lápis" e a capa branca do livro, que nos remete a folha de papel em branco.
Na sétima estrofe, o poema sai de um forma estática e ganha vida, com o surgimento dos vocábulos "verso" e "manhã". Estes vão concretizar a imagem sugerida na primeira estrofe e retomada, na terceira estrofe, através do vocábulo "sol". Percebemos, então, que a manhã foi sendo tecida aos poucos, até chegar a um todo (tecido). Nota-se que a estrutura da estrofe se altera em relação as outras, pois todos os versos possuem o mesmo ritmo e são compostos por seis sílabas poéticas, o que indica uniformidade.
O poema parte de um elemento concreto, a mesa, para elementos abstratos: o sonho, o leve, o quente e o fresco, e retorna para o concreto, o verso. Porém o verso, na folha de papel é tão concreto quanto a mesa, apenas com uma diferença, ele é "vivo". Podemos concluir que os vocábulos convergem e divergem entre eles para alcançar o significado desejado pelo poeta.
Surge a manhã, nasce o verso, ambos vivos, leves, quentes e frescos como o pão. Com isso podemos afirmar que se trata de um metapoema, pois estamos diante da descrição do fazer poético.
Nota-se a oposição entre a imagem da "mesa" e a imagem do "verso", sendo que a primeira é inanimada, ou seja, faz parte de uma natureza morta. Já a segunda é viva e leve. Mas é sobre a mesa que se escreve o poema e coloca-se o pão. O pão que em seu sentido denotativo alimenta o físico humano, e o "pão-verso" , "pão-poema", sentido conotativo, alimenta o intelecto.
Percebe-se que, no poema, aos poucos o poeta vai tecendo imagens de uma manhã viva, a qual pode ser associada à vivacidade do verso. Em um primeiro momento, temos uma imagem, aparentemente, comum. O jornal dobrado, o pão fresco, a louça: todas essas imagens sugerem a mesa posta para o café da manhã.
Mas, na quinta estrofe há uma ruptura, que pode ser percebida por meio do seguinte verso "A faca que aparou teu lápis". Aqui temos uma quebra, não só de imagens, mas, também de sentido, pois, a partir desse verso, podemos construir uma outra leitura, que não mais estará ligada à imagens do cotidiano, mas sim ao aprender, ao ato de escrever. O vocábulo "faca" tanto nos remete a ideia da língua quanto a ideia da linguagem. Temos também o "lápis" e a capa branca do livro, que nos remete a folha de papel em branco.
Na sétima estrofe, o poema sai de um forma estática e ganha vida, com o surgimento dos vocábulos "verso" e "manhã". Estes vão concretizar a imagem sugerida na primeira estrofe e retomada, na terceira estrofe, através do vocábulo "sol". Percebemos, então, que a manhã foi sendo tecida aos poucos, até chegar a um todo (tecido). Nota-se que a estrutura da estrofe se altera em relação as outras, pois todos os versos possuem o mesmo ritmo e são compostos por seis sílabas poéticas, o que indica uniformidade.
O poema parte de um elemento concreto, a mesa, para elementos abstratos: o sonho, o leve, o quente e o fresco, e retorna para o concreto, o verso. Porém o verso, na folha de papel é tão concreto quanto a mesa, apenas com uma diferença, ele é "vivo". Podemos concluir que os vocábulos convergem e divergem entre eles para alcançar o significado desejado pelo poeta.
Surge a manhã, nasce o verso, ambos vivos, leves, quentes e frescos como o pão. Com isso podemos afirmar que se trata de um metapoema, pois estamos diante da descrição do fazer poético.